A cantora gospel Bruna Karla virou alvo de críticas na internet nesta quinta-feira (16) devido a comentários homofóbicos feitos por ela em dezembro de 2021. Em entrevista ao podcast de Karina Bacchi, a artista fez declarações ofensivas sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Nas redes sociais, artistas e celebridades criticaram o discurso homofóbico do cantor, incluindo os cantores Lucas Silveira e Fernando Badauí, o economista e ex-BBB Gil do Vigor, os cantores Day Limns e Valesca Popozuda e a ex-BBB Ana Paula Renault.
Na entrevista, Bruna disse: “Teve uma amiga que me perguntou: ‘Bruna, quando eu me casar, você vai no meu casamento?’ e olhei para ele, fui muito sincero e disse: ‘Ah, quando você se casar com uma mulher bonita e cheia do poder de Deus, eu vou, sim’”.
“E ele disse: ‘Você sabe que não é isso que estou perguntando’. Estou falando de um amigo, um homossexual, que temos essa liberdade. E eu disse que no dia em que eu concordar em cantar em seu casamento com outro homem, posso parar de cantar sobre a Bíblia e sobre Jesus.”
Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que declarações homofóbicas podem ser enquadradas no crime de racismocom pena de 1 a 3 anos, chegando a 5 em casos mais graves (leia mais no final deste artigo).
Ainda na entrevista no final do ano passado, Bruna comentou. “Para meus amigos, meus ouvintes gays, o que Deus tem para sua vida é a libertação, algo que ele sonhou para você. Então receba todo meu amor, meu respeito, porque Jesus não sonhou isso para você”.
A cantora disse ainda que este é um “caminho de morte eterna”, “inferno” e “condenação eterna”.
Na quinta-feira, o ex-BBB Gil do Vigor escreveu: “Na verdade, quando Jesus aparecer alguém vai ficar com vergonha e não é seu amigo gay e sim você pela sua atitude preconceituosa! João 14 diz que Deus nos chama de amigos e a palavra amigo é forte demais para ser sustentada com base no preconceito e na falta de amor ao próximo”.
O que a lei diz
A criminalização da homofobia e da transfobia foi permitida pelo STF em decisão de junho de 2019. Por 8 votos a 3, os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais seriam enquadrados no crime de racismo (veja mais no vídeo acima).
A criminalização da homofobia e da transfobia prevê que:
- “praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual de uma pessoa pode ser considerado crime;
- a pena será de um a três anos, além de multa;
- se houver ampla divulgação de ato homofóbico na mídia, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
- e a aplicação da pena de racismo será válida até que o Congresso Nacional aprove uma lei sobre o assunto.
Com a decisão do STF, o Brasil tornou-se o 43º país a criminalizar a homofobia, segundo o relatório “Homofobia patrocinada pelo Estado”, elaborado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga).
Na sentença de 2019, o Tribunal deu provimento parcial às ações movidas pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) e pelo partido Cidadania (antigo PPS). Essas ações pediam ao STF que estabelecesse um prazo para o Congresso aprovar uma lei sobre o assunto, ponto que não foi atendido na época.
Na ocasião, os ministros fizeram ressalvas sobre manifestações em templos religiosos. De acordo com os votos expressos:
- não será criminalizado: dizer em um templo religioso que se é contra as relações homossexuais;
- será criminalizado: incitar ou induzir discriminação ou preconceito em templo religioso.
Na votação, enquanto as associações LGBTQIA+ apresentaram argumentos em favor da igualdade de direitos ao STF, outras entidades apresentaram argumentos em defesa da liberdade religiosa.
Gazetaweb com g1
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