O canal Viva e o Globoplay trazem, entre suas atrações, um rico material do acervo da TV Globo, formado por produções históricas da televisão brasileira. Atualmente, por exemplo, são exibidas as novelas O Beijo do Vampiro, Alma Gmea, Pginas da Vida e Po Po, Beijo Beijo.
No entanto, essa demanda por produções clássicas também expôs um problema que, aparentemente, é muito mais comum do que se imaginava, a perda de parte desse acervo. Seja por deterioração da mídia original, corroída pela ação do tempo, ou mesmo perda no sentido literal, algumas pérolas da dramaturgia nacional não são mais encontradas em sua totalidade no acervo da emissora. Em Guerra dos Sexos, por exemplo, falta o capítulo 113.
Dessa forma, algumas produções resgatadas para exibição no Viva ou streaming aparecem com capítulos faltando, ou têm episódios resgatados por meios alternativos. Entre as últimas novelas resgatadas, há vários exemplos nesse sentido.
A reprise de Alma Gmea, atualmente em exibição no Viva, trouxe um desses casos. Em sua primeira semana, a reprise teve que recorrer a uma fonte alternativa para mostrar o capítulo 3 da obra de Walcyr Carrasco. O canal pago alertou o público nas redes sociais.
Quem também estava ansioso pelo retorno de Alma Gmea? Estava contando as horas para rever a bola! Mas quero alertar que o capítulo 3 da novela, que vai ao ar no Viva nesta quarta-feira (2) e estará disponível no Globoplay, não pode ser resgatado da mídia original, dizia o aviso publicado no perfil do Viva no Twitter.
Enquanto o Viva recorre a fontes alternativas (seja lá o que isso signifique), o Globoplay já é sincero e alerta seu público sobre os capítulos que faltam em novelas clássicas.
Além de Guerra dos Sexos, no ano passado, dando continuidade ao projeto que resgata novelas históricas, a plataforma Globo disponibilizou os capítulos de Roda de Fogo, clássico de Lauro César Muniz exibido originalmente em 1986. No entanto, o telespectador não consegue encontrar a obra na íntegra no Globoplay.
Assim, quem decidir assistir Roda de Fogo em streaming não encontrará o capítulo 90 da produção. Em vez disso, a mensagem a seguir não foi possível recuperar o 90º capítulo. Na época, a Globoplay alertou que a falta do capítulo não afeta o entendimento da trama.
Outra novela resgatada pela plataforma que também não tem todos os capítulos disponíveis é O Bem Amado (1973). Mas, neste caso, a Globoplay adaptou os episódios 94 e 96 para manter a continuidade do folhetim de Dias Gomes.
Outras novelas clássicas da Globo, ainda não disponíveis no Globoplay, também não poderão ser acessadas na íntegra, mas por outro motivo há tramas que a emissora optou por preservar a versão internacional, ou seja, uma versão editada para exportação da trama.
Segundo Duh Secco, editor-chefe da TV Histria, entre essas tramas estão os títulos Plumas e Paets (1980), Ciranda de Pedra (1981), Terras do Sem Fim (1981), Elas por Elas (1982), Final Feliz (1982), Transas e Caretas (1984), Vereda Tropical (1984), Corpo a Corpo (1984), Ti Ti Ti (1985) e Mandala (1987).
Vale lembrar que o Viva, ao exibir Terra Nostra (1999), também exibiu a versão internacional do enredo de Benedito Ruy Barbosa. A mesma versão foi parar no Globoplay.
No caso do Terra Nostra, após a seleção do título e a verificação dos direitos autorais, a Viva se deparou com impedimentos relacionados aos direitos autorais. A versão que está no ar, com 150 capítulos, é exibida internacionalmente pela Globo e a única disponível sem prejuízo da trama, explicou o canal na época.
Além disso, há casos de novelas clássicas das décadas de 1960 e 1970 que foram perdidas por incêndios no canal ou pelo reaproveitamento de fitas, o que era comum naquela época. Entre esses casos estão Vu de Noiva, O Primeiro Amor, Os Ossos do Barão, Cavalo de Ação e O Rebu, entre outros.
Outro caso famoso é Corão Alado (1980), o capítulo que mostrava a personagem Catucha (Dbora Duarte) se masturbando foi apagado, até o roteiro desse episódio sumiu.
Andr Santana jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu com uma babá eletrônica e transformou sua paixão pela TV em profissão em 2005, quando criou o blog Tele Viso. Desde então, tem escrito sobre televisão em várias publicações especializadas. autor do livro Tele Viso A Televiso Brasileira em 10 Anos, editado pela EB Aes Culturais e Clube de Autores.
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