O policial criminal Jorge José da Rocha Guaranho, que matou o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda durante sua festa de aniversário, no Paraná, em julho passado, teve sua prisão convertida em prisão domiciliar. A Justiça decidiu, na noite desta quarta-feira (10), que ele usará tornozeleira eletrônica por até 90 dias.
Na decisão, o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguau, destacou que atendeu a um pedido da defesa do policial em razão do atendimento médico de que necessita. Segundo o magistrado, não há estrutura adequada para que ele continue com os tratamentos no sistema penal devido ao seu grave quadro clínico.
Após atirar na vítima, Guaranho foi agredido por testemunhas do crime e foi internado no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguau, no Paraná. Ele recebeu alta por volta das 21h45 de quarta-feira, quando mandou instalar a tornozeleira eletrônica.
Ele deveria ser transferido para o Complexo Médico Criminal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, mas, como o juiz entendeu que não havia recursos para que ele continuasse seu tratamento no presídio, foi obtida a prisão domiciliar.
Na decisão, Arguello destacou que concedeu o benefício sem desconsiderar a comprovação da existência do crime e provas suficientes da autoria, e até mesmo a gravidade do suposto crime pelo qual o requerente está sendo processado.
O magistrado também criticou a demora do Estado em informar que não conseguiu abrigar o Guaranho. Como se não bastasse a absurda situação de constatar a total incapacidade técnica do Estado para cumprir a ordem judicial que decretou a prisão preventiva do réu, há a inacreditável falta de comunicação tempestiva de sua incapacidade. Com tanta demora, criou-se uma situação teratológica tão aterradora: o arguido está em alta hospitalar (aparentemente desde o início da tarde deste dia), contudo, não está inserido em nenhuma unidade prisional, salientou.
O juiz também determinou que o policial criminal só pode sair de casa em caso de necessidade médico-hospitalar e disse que a medida é válida até que seja possível realocar o réu para um estabelecimento idôneo, ainda que em outro Estado da Federação.
sem memória
Em entrevista ao site G1, o advogado Luciano Santoro, que defende o Guaranho, disse que seu cliente ainda não foi ouvido no processo, pois ainda estava internado. Mas ele relatou que o policial não se lembra de nada do que aconteceu na noite do crime, pois foi agredido, sofreu ferimentos na cabeça e perdeu a memória.
O advogado destacou que Guaranho levou 24 chutes no rosto e outros no peito e na perna baleada, num total de cinco minutos e 35 segundos de agressão. Ele disse que essas outras imagens estão em processo, mas não foram divulgadas.
A Polícia Civil informou que está investigando os ataques contra o policial. Os autores já foram identificados e ouvidos.
lembre-se do caso
O crime aconteceu na noite de 9 de julho, quando Arruda comemorava 50 anos com uma festa com tema petista, usando as cores da festa e fotos do ex-presidente Luiz Incio Lula da Silva (PT), pré-candidato à presidência. .
A comemoração foi realizada na Associação Esportiva Sade Fsica Itaipu, na Vila A, em Foz do Iguau. De acordo com relatos de testemunhas oculares e registros de câmeras de segurança, Guaranho apareceu na festa por volta das 23h. Ele estava em um carro, acompanhado por uma mulher e um bebê.
O policial criminal, então, de dentro do veículo, teria apontado sua arma enquanto gritava palavras de apoio a Bolsonaro e ameaçava o aniversariante e seus convidados.
Em seguida, Guaranho entrou no local e gritou Bolsonaro, atirando na vítima, que também reagiu e atirou. Então o atirador também foi atingido. Ele também foi agredido por testemunhas que estavam no local e teve que ser hospitalizado.
A Justiça acatou a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra o policial criminal e ele se tornou réu pelo crime de homicídio duplamente qualificado por produzir perigo e motivo inútil.
O MP-PR discordou do inquérito policial, que entendeu que Guaranho atirou na vítima por se sentir humilhado, e destacou na denúncia feita por Justia que o policial criminal teve conduta desencadeada por preferência político-partidária antagônica e colocou outras pessoas em risco.
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