Autoimune, a doença não tem cura e exige tratamento contínuo do paciente por toda a vida.
Devido às críticas à sua aparência, a modelo americana Gigi Hadid revelou no início de fevereiro que sofre de uma doença autoimune rara chamada tireoidite de Hashimoto, popularmente conhecida como síndrome de Hashimoto (em homenagem ao médico japonês Hakaru. Hashimoto, que primeiro diagnosticou a doença em 1912). , em que os próprios glóbulos brancos e anticorpos da pessoa atacam a tireoide, o que pode causar alterações no equilíbrio hormonal do corpo.
A médica Elaine Stabenow, da Clínica Soulleve, explica que a tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação crônica da glândula tireoide. “O próprio corpo do paciente não reconhece as proteínas que compõem a tireoide como suas, então o corpo começa a produzir anticorpos que atuam contra as proteínas da glândula e essa ação gera inflamação crônica”, diz Elaine.
Por se tratar de uma doença autoimune, não há como saber ao certo as causas da doença ou o que a desencadeia, mas o médico explica que o fator genético é uma das hipóteses mais aceitas pela comunidade científica. “O que mais vemos é que isso acontece em pacientes que têm suscetibilidade genética para desenvolver doenças autoimunes”, explica. Elaine destaca ainda que outros fatores como estresse físico e mental, além do consumo excessivo de iodo – presente no sal de mesa – também podem favorecer o aparecimento da doença.
A tireoidite é caracterizada pela inflamação da glândula tireoide e pode haver casos em que ela fica assintomática por muitos anos até que a doença cause um desequilíbrio hormonal, mais comumente o hipotireoidismo, ou seja, a glândula não consegue produzir a quantidade recomendada de hormônios T3 e T4. , o que causa efeitos na vida da pessoa.
“Essa inflamação crônica, com o passar dos anos, começa a transformar o tecido saudável da tireoide em tecido fibrótico, o que efetivamente interrompe a produção desses hormônios pela glândula e uma das consequências dessa alteração acaba sendo o hipotireoidismo”, alerta o médico , que também explica que a tireoidite é diagnosticada por meio de exames de sangue.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a tireoidite de Hashimoto é mais prevalente em mulheres: cerca de 2% a 5% têm a doença contra 0,3% a 0,7% nos homens. Uma das causas disso é a maior variação hormonal pela qual passam por conta da menstruação, gravidez e menopausa.
Jovens. Outro dado apresentado pela entidade é que, apesar de tradicionalmente ser uma doença associada à meia-idade e menopausa, a tireoidite de Hashimoto começa a ser diagnosticada cada vez mais cedo, especula-se que devido ao uso indiscriminado de anticoncepcionais. “Ainda não há estudo comprovando a ligação entre as duas coisas, mas é uma associação lógica que pode ser feita porque os anticoncepcionais invariavelmente acabam alterando o equilíbrio hormonal da mulher”, ressalta Elaine.
A estudante universitária Julia Vitorelli é um desses casos. Ela foi diagnosticada com a doença depois de sentir os efeitos da mudança hormonal em seu corpo. “O cansaço extremo foi o primeiro e mais forte sintoma, mas por causa do meu estilo de vida de acordar cedo, trabalhar o dia todo e depois ir para a faculdade, foi ‘camuflado’ porque atribuí o cansaço à minha rotina”, explica.
Tratamento. Por ser uma doença autoimune, ainda não há cura para a tireoidite de Hashimoto. O que pode ser feito é monitorar a doença através de um tratamento oportuno dos sintomas mais graves da inflamação e equilibrar o desequilíbrio hormonal por meio de injeções. “Como é uma doença autoimune, não há muito o que fazer sobre mudanças no estilo de vida ou na dieta. É ficar atento a qualquer inchaço na região da garganta e alterações no corpo”, diz Elaine.
Depois de passar por vários especialistas, Julia foi diagnosticada com tireoidite e agora recuperou sua qualidade de vida. “Hoje tomo remédio, é o segundo remédio que o endocrinologista me prescreve, porque o primeiro não surtiu efeito. Com essa medicação me sinto melhor e os efeitos não são mais tão presentes”, comemora.
*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais
Discussão sobre isso post