Uma corretora de seguros de 27 anos foi encontrada morta com a filha de dois anos no colo dentro de sua casa em Guaianases, na zona leste de São Paulo. O corpo de Ana Carolina da Silva Santos Fernandes, 27 anos, foi encontrado pela própria mãe esta manhã. Segundo a polícia, o principal suspeito do crime é o marido dela, Fernando Fernandes dos Santos, 35, que está foragido.
Segundo um familiar, que não quis ser identificado, a mãe de Ana Carolina recebeu uma ligação da mãe do genro, de madrugada, informando que o casal havia se envolvido em uma discussão. “Eles passaram a noite juntos e, por volta das 4 da manhã, a mãe dele ligou para a mãe a pedido dele, sobre o bebê. Ela disse que havia um problema, que eles tinham brigado. Quando sua mãe chegou em casa, seu corpo estava ensanguentado, todo roxo, asfixiado. E o bebê em cima do corpo, como se tivesse sido amamentado e dormido”, disse ela.
Ana Carolina e Fernando estão casados desde 2020. Segundo a família do corretor, o relacionamento deles teve uma história conturbada.
“Todo mundo era contra o casamento porque ele não era mais uma boa pessoa. Vivendo com ela, chegou a atacá-la algumas vezes. Em abril deste ano, sua mãe pediu uma medida protetiva contra ele. Mas eles acabaram e voltaram. Sua mãe lhe disse para parar, mas ela nunca o fez. Ela estava meio que o levando de volta. Também não se sabe se ela enfrentou alguma ameaça por isso ou se estava sob algum tipo de pressão”, acrescentou.
Os dois eram pais de uma menina de dois anos e tiveram filhos de outros relacionamentos. O casamento, segundo o familiar, aconteceu sem a participação dos familiares de Ana Carolina. “Quando vi, já estavam postando fotos dos casamentos nas redes sociais. Não havia parentes dela. Ela só teve apoio da família dele. Foi muito absurdo”.
Após a formalização, a mãe de Ana Carolina tentou aceitar a decisão da filha. “Mas depois da medida protetiva, ela foi totalmente contra”, conta o familiar, afirmando que mesmo a mãe relatando que a filha havia se tornado “estranha” e que o contato havia diminuído.
De acordo com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), o caso está sendo investigado como feminicídio pela 103ª Delegacia de Polícia. Foram solicitados exames ao IC (Instituto de Criminalística) e ao IML (Instituto Médico Legal) para auxiliar nas investigações. A polícia disse que ainda está investigando para encontrar o suspeito.
O familiar conta que, diante do luto, todos estão buscando justiça. “O que queremos é que ele pague pelo que fez”, diz ela.
“Ela era muito trabalhadora, muito ‘mamãe’. Ela queria dar tudo para os filhos, levava-os para passear, para o parque, era uma relação muito afetuosa. Ela nunca entrou em briga, ela era muito doce, muito carinhosa, muito quieta, respeitosa. Não consigo entender como isso aconteceu com ela.”
Além do bebê de dois anos, Ana Carolina deixa um filho de 3 anos e uma menina de 11 anos.
O advogado de Fernando, Osmar Justino dos Reis, nega que o suspeito tenha fugido, afirma que ainda não compareceu por medo da reação de conhecidos por causa do crime e que o cliente “lamenta a morte”. Disse ainda que tem vídeos e fotos da mulher ainda viva, que serão apresentados aos autos do inquérito como defesa de Fernando.
“Na verdade, não é que ele queria fugir, não é que ele está fugindo. Por força maior, ele foi forçado a sair. […] O que queremos é que tudo aconteça dentro do processo legal livre e dentro das quatro linhas da Constituição. Não queremos prejulgar ou tomar decisões precipitadas”, disse.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra a mulher, ligue para o 190 e denuncie.
Os casos de violência doméstica são, na maioria das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros de mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada às agressões cometidas por familiares.
Também é possível fazer denúncias por meio do número 180 — Centro de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações de direitos humanos.
Há também o aplicativo Direitos Humanos Brasil e por meio da página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH). As vítimas de violência doméstica podem apresentar queixa no prazo de seis meses.
Discussão sobre isso post