Um menino de 11 anos morreu após ser picado por um camundongo selvagem, em Urubici, na Serra Catarinense, e contrair a hantavirose. Outros 18 casos estão sendo investigados na cidade, segundo o secretário municipal de Saúde, Diogo Blumer.
A morte ocorreu no dia 7 de setembro, 48 horas após a criança ter dado entrada no Hospital Seara do Bem, em Lages. O resultado do exame foi divulgado na noite da última sexta-feira (16).
De acordo com o secretário, os casos suspeitos acompanhados pela Vigilância Epidemiológica de Urubici apresentam sintomas como dor de cabeça, dor de estômago e febre, e aguardam o resultado dos exames no Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina), em Florianpolis, que pode demorar até 15 dias.
Ainda de acordo com o secretário, este não é um caso isolado em Urubici, com aumento do número de ratos silvestres em toda a região da Serra de Santa Catarina.
Estamos em alerta, tanto em termos de infestação quanto de casos. Antes mesmo da morte acontecer, já estávamos em alerta por causa da proliferação de ratos selvagens. Os médicos também foram treinados para identificar casos de hantavírus porque os sintomas tendem a ser muito semelhantes a outras doenças, acrescenta Blumer.
A Dive (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) confirmou que, na Serra Santa Catarina, houve um aumento de roedores silvestres dos gêneros Akodon e Oligoryzomys, que podem transmitir o hantavírus. O aumento da população de ratos silvestres pode estar relacionado ao florescimento da taquara Car (Chusquea mimosa var. australis), que ocorreu no final do verão.
O bambu Car está disperso em uma extensa área de Mata Atlântica, de modo que o aumento da população de roedores silvestres pode se estender para outras regiões do estado. Dessa forma, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu alerta aos serviços de saúde sobre a situação e a suspeita da doença, bem como esteve nos municípios de Urubici e Lages para reuniões com diversos setores para discutir a situação e medidas a ser adotada, informou a DIVE.
Orientação para qualquer pessoa com sintomas procurar as unidades de saúde da região.
Outras mortes pela doença
A DIVE informou que o estado registra anualmente casos da doença, que é monitorado rotineiramente. No ano de 2021, foram confirmados 12 casos de hantavirose, com 3 óbitos.
Até o momento, em 2022, foram confirmados 6 casos da doença, com 4 óbitos em Agronmica, Lontras, Caador e Urubici.
Uma hantavirose
O hantavírus é uma doença infecciosa grave com taxa de letalidade em torno de 40%, segundo Rafael Oselame, especialista em doenças infecciosas do Hospital Baa Sul. A doença é transmitida por roedores silvestres, portanto, predominante nas áreas rurais. O contágio ocorre pela inalação de aeroses formadas a partir de urina, fezes e saliva, além do contato por escoriações na pele ou mordidas de roedores, diz.
Os sintomas mais comuns são febre, dores musculares, dor lombar e abdominal, dor de cabeça intensa, náuseas/vômitos, diarreia e tosse seca.
Quando surge a tosse seca, em geral, é o início da fase mais grave, que é a cardiopulmonar, necessitando de atendimento em hospitais com Unidades de Terapia Intensiva. Não existe tratamento antiviral específico, nem vacina, reforça o infectologista.
Impedido
Como prevenção, o infectologista recomenda medidas para evitar qualquer contato com roedores em áreas arborizadas ou em espaços fechados e mal ventilados.
Dive aconselha, como medidas preventivas, limpar o terreno ao redor da casa, dar destinação adequada aos detritos existentes e manter os alimentos armazenados em recipientes fechados e à prova de roedores.
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