O movimento de assumir cabelos brancos vem ganhando cada vez mais força entre as mulheres brasileiras.
A tendência de parar de tingir o cabelo levanta questões como: preconceito de idade, culto juvenil, quebra de padres e estereótipos.
Essas questões sempre pesaram muito sobre as mulheres, pois as sociedades ocidentais exigem que elas sejam magras, com unhas feitas, raspadas, sem rugas, com cabelos tingidos e tantos outros aparelhos criados para as mulheres as mulheres são um ideal que obviamente não existe.
Nas redes sociais, existem vários grupos e páginas de mulheres que assumiram seus cabelos grisalhos. A definição dada por eles para essa atitude: libertação.
Na verdade, ter que pintar o cabelo toda vez que os fios grisalhos aparecem é uma espécie de escravidão, sem falar no dinheiro investido e na química literalmente jogada sobre suas cabeças.
Quanto mais as mulheres assumem o cinza, mais o olhar se acostuma naturalizar o natural e ver a beleza nisso.
Vários artistas, como Samara Felippo, Glria Pires, Faf de Belm, Simone, Fernando Montenegro, assumiram seus cabelos brancos, passaram a reforçar o movimento natural e quebraram o padrão que as mulheres têm de escondê-los.
Ao site Mauriboss, a escritora e influencer Cris Guerra, que tem 50 anos e assumiu o cinza há um ano, contou que a experiência está permitindo que você se veja de outra maneira:
O cabelo tem um significado muito pesado para uma mulher. Colocamos o peso da sensualidade no cabelo quando, na verdade, não está no cabelo. Os cabelos brancos vieram coroar um momento de grande autoconhecimento e segurança dentro de mim. Eu nunca fui tão bom comigo mesmo.
No entanto, Chris admite que a transição não foi fácil e que, se ela quiser, vai pintar o cabelo de novo. Ela também conta que nesse processo entendeu que cabelos brancos não significa desleixado ou falta de autocuidado.
A empresária e modelo Valria Rossati disse ao AllThingsHair que assumir o cabelo grisalho era uma forma de recuperar os dias de domingo que costumava pintar as madeixas. Ela diz que precisava desconstruir estereótipos antes de deixar os cabelos grisalhos tomarem conta de sua cabeça e de sua vida:
Vivemos em um país machista onde o cabelo branco é símbolo da fase final da vida ou de mulheres que estão desiludidas, que passaram por momentos difíceis, que ganharam vida de qualquer maneira, sempre há algo ligado à tristeza ou infelicidade. Confesso que eu mesmo tive que desconstruir esses pensamentos antes de tomar a decisão.
Ela também disse que quando ela tomou a decisão de ficar grisalha, quase não havia referências a mulheres próximas a ela, nem mesmo na internet para se inspirar.. Hoje há mais representatividade, tanto que no Google, Instagram e Pinterest já é possível encontrar muitas mulheres grisalhas como inspiração para quem está pensando em uma transição.
Para Valria:
Assumir o cabelo natural mudou totalmente a minha vida. Comecei a não me importar com a aprovação dos outros, me sinto mais bonita e livre.
A consultora de estilo Ana Soares, da Moda P no Cho, relatou o processo de grisalho, que durou cerca de três meses. Ela disse que a prata a fez parecer mais suave, pois iluminou mais seu rosto.
Em seu blog, Ana declara que:
Acho que combinou muito com meu estilo, com minha nova fase de vida, mais segura, mais segura de si. Trouxe a leveza necessária também! Que saibamos respeitar as escolhas de todos, quer pintemos o cabelo ou não. O importante é se sentir com suas escolhas, e não refém de um sistema.
Como disse Ana, o A decisão de pintar ou não o cabelo deve estar ancorada em um desejo, não em uma imposição social.
Muitas mulheres se sentem bonitas e confortáveis pintando o cabelo e tudo bem. Outros querem ousar e experimentar os cinzas para ver se eles vão sentir calor. E voltar também não é problema.
O importante fazer escolhas conscientes e de acordo com a nossa vontade.
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