A motorista Elizandra Regina de Cândido, 48, que ficou conhecida nas redes sociais após fazer uma publicação divulgando que fazia viagens particulares para pegar maridos infiéis em motéis, revelou ao Terra, nesta segunda-feira, 19, que não faz mais esse tipo de serviço.
“Sofri muitas ameaças, falaram que eu ia morrer, que quebrariam meu carro inteiro, então fiquei preocupado com minha segurança. Eu não era detetive, apenas prestava o serviço de levar a mulher ao lugar que ela pedisse. Eu nunca quis destruir o relacionamento de ninguém, mas, infelizmente, ouvi isso de homens e até de mulheres”, diz ela.
Elizandra, que mora em São Vicente, no litoral paulista, continua com seu trabalho como motorista particular exclusivamente para mulheres, dedicada a clientes regulares que a procuram para levar crianças à escola, idosos ao médico ou fazer compras e trazer animais de estimação para pet shops. .
Ela lembra que se tornou motorista particular este ano, quando percebeu que não teria mais retorno financeiro na pandemia com seu trabalho de artes em renda. “Fiz laços de cabelo para crianças em fantasias personalizadas, mas, com a pandemia, não houve festa, então não houve demanda. Isso me quebrou financeiramente ”, relata ela.
Foi assim que Elizandra decidiu se reinventar e viu a possibilidade de se tornar motorista particular. “Com o carro na garagem, comecei a fazer viagens particulares, levando idosas às compras, às vezes ao médico, até eu fazia as compras para elas”, conta.
Até que um dia ela decidiu fazer um post em seu perfil do Facebook promovendo seu trabalho, com o objetivo de alcançar novos clientes. Segundo ela, a parte do post em que escreveu que fazia viagens para pegar maridos infiéis, inicialmente, era marketing. Porque, até então, ela só havia feito uma dessas viagens, para um conhecido.
“A parte de pegar os maridos era na verdade marketing, eu queria mostrar meu trabalho, porque estávamos em uma pandemia. Mas então o post se tornou viral e comecei a fazer esse serviço para as mulheres. Uma menina que morava em outra cidade me ligou diretamente e me pediu para parar na frente da casa do namorado dela e ver se ele realmente estava lá”, conta.
A motorista relata que conquistou a confiança de seus clientes e até fez a viagem junto com uma passageira para verificar se o marido da menina estava mesmo trabalhando no local que informou à esposa.
“Uma vez levei uma mulher ao motel e ela desceu para pegar o marido, e isso acabou me expondo. Eu sempre pedia para as mulheres não descerem, para nossa segurança. Além de situações como essa, fiquei conhecido nas redes sociais e aqui na região. Todo mundo sabia como era meu carro e comecei a receber ameaças de homens, dizendo que ia morrer, que iriam quebrar meu carro”, conta.
Diante das ameaças, Elizandra ficou com medo de andar na rua, então interrompeu os serviços de repreensão. No entanto, ela relata ter sido convidada para ministrar palestras com foco no empoderamento feminino.
“Deus foi tão bom que outros caminhos se abriram, mulheres me chamando em viagens para levar crianças para escola, cachorros para pet shop. Então ganhei clientes fixos, entrei no Uber e aumentei minha renda. Parar este serviço abriu horizontes. Fui até convidada para dar uma palestra e recebi o Prêmio Mulher Caiara em agosto”, conta.
A motorista relata que sempre procura incentivar as mulheres a serem independentes e reconhecerem suas habilidades. “Eu era dona de casa e de repente me separei. Meu marido foi embora e eu não sabia o que ia fazer. Me reinventei e comecei a trabalhar. Hoje sou independente e tenho meu dinheiro, sem depender de ninguém. Eu encorajo as mulheres a serem também independentes. Eu sempre digo a eles: olhe no espelho e veja a pessoa mais importante da sua vida”, finaliza.
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