As eleições presidenciais deste ano podem quebrar quatro tabus que nunca foram contestados desde a redemocratização brasileira. Desde 1998, por exemplo, nenhum candidato à reeleição perdeu uma disputa. Dois outros fatos que se confirmaram nas últimas décadas são que um candidato que, no primeiro turno, ficou em segundo lugar na disputa eleitoral, nunca conseguiu ultrapassar seu oponente no segundo. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirma que também nunca perdeu uma eleição. Veja abaixo:
Eu nunca perdi uma eleição e não vai ser agora’
Na madrugada desta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em suas redes sociais que nunca perdeu uma eleição e que isso não seria agora contra o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A fala do chefe do Executivo veio após o resultado do primeiro turno desta corrida eleitoral de 2022, no qual ele ficou quatro pontos percentuais atrás do PT.
Bolsonaro começou sua carreira política em 1988, quando conquistou uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em 1990, conquistou o primeiro de sete mandatos consecutivos para o cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro, sendo, em 2014, o mais votado do estado com 464.565 votos. Em 2018, o atual chefe do Executivo foi eleito presidente com 57.797.847 dos votos, representando 55,13% do eleitorado brasileiro.
Nenhum candidato à reeleição perdeu desde 1998
Outro padrão que pode ser quebrado é o hábito de os candidatos presidenciais serem reeleitos todas as vezes que tentaram, desde que o mandato consecutivo, totalizando oito anos, começou a valer no Brasil, em 1998. Esta é a primeira vez que um chefe do Executivo é não está à frente nas pesquisas, pois busca um segundo mandato em 25 anos.
Dos que tentaram, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito no primeiro turno em 1998. Em 2006, Lula derrotou Geraldo Alckmin, seu atual vice-presidente e, à época, candidato do PSDB no segundo turno. Outra petista que conseguiu o feito foi Dilma Rousseff, que enfrentou Aécio Neves (PSDB) um ano depois dos protestos de 2013, e ainda conseguiu vencer.
Um candidato que ficou em segundo no primeiro turno nunca ganhou a eleição.
Bolsonaro também pode alcançar um feito nunca visto no país. Em todas as disputas pelo cargo principal do executivo federal, nunca um candidato que ocupava o segundo cargo no primeiro turno conseguiu virar o resultado e ser eleito. Se o presidente for bem-sucedido, será o único desde a história da redemocratização brasileira.
Quem mais se aproximou foi o próprio Lula contra FHC, que, em 1989, cresceu 13%, ficando sete pontos percentuais atrás de seu adversário, e Aécio contra Dilma em 2014, que conseguiu ficar dentro de 3% do PT.
Candidatos que vão para o segundo turno liderando crescem mais do que precisariam para vencer no primeiro turno
Um candidato à presidência da República deve obter a maioria absoluta dos votos válidos para ser eleito em primeiro turno. Isso significa ganhar pelo menos 50% mais um único voto.
Lula recebeu 57.258.115 votos, o equivalente a 48,43%. Foram necessários 1.855.395 ou menos de 2% dos votos para o PT ser eleito no primeiro turno.
Se o petista não crescer nas pesquisas e não for eleito, será o primeiro a não fazer um avanço significativo a ponto de vencer a disputa. Todos os candidatos presidenciais que foram para o segundo turno e precisavam crescer para serem eleitos alcançaram pelo menos 9 pontos percentuais – número alcançado por Bolsonaro em 2018, contra Fernando Haddad (PT).
Lula e Bolsonaro decidirão a eleição presidencial em 30 de outubro, no segundo turno. Com 99,99% das pesquisas apuradas, o PT tem 48,43% dos votos válidos, enquanto o atual chefe do Executivo soma 43,20%.
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