AGÊNCIA BORI – Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e do Centro Universitário Luterano de Palmas (Celp/Ulbra) desenvolveram um xampu sustentável com propriedades antioxidantes a partir do extrato de mangabeira, uma planta Nativo brasileiro comum em estados como Tocantins, Sergipe e Piauí. A fórmula não contém lauril sulfato de sódio, agente de limpeza comumente usado em xampus, que enfraquece a fibra capilar. As conclusões são publicadas na edição desta sexta-feira (21) da Revista Brasileira de Biologia.
Os pesquisadores partiram da análise de extratos da casca, caule e folha da mangabeira, observando propriedades que poderiam ser utilizadas para a produção de cosméticos. O extrato da folha mostrou-se ideal para a produção de xampu, cuja fórmula foi criada para ser simples, capaz de ser reproduzida por comunidades extrativistas que sobrevivem da venda sazonal da mangaba, fruto da mangabeira.
A utilização de outras partes da planta para a produção de cosméticos pode gerar mais fontes de renda para a comunidade, além de aproximar os consumidores da natureza e promover a sustentabilidade. “As comunidades extrativistas têm uma visão diferente da indústria, aproveitando apenas o que precisam e com maior consciência ambiental. Além disso, não é preciso extrair compostos derivados do petróleo para produzir artigos sintéticos”, explica a principal autora do estudo, Juliane Farinelli Panontin.
O artigo deriva de sua tese de doutorado, na qual também foi criado um soro a partir do caule da mangabeira, rico em antioxidantes e pobre em saponina, composto com propriedades detergentes. As folhas da mangabeira, usadas para xampu, possuem grande quantidade de saponina e antioxidantes, sendo ideais para limpar e proteger os cabelos.
O shampoo é tão eficiente quanto o comercial, mas com a vantagem de não utilizar o lauril sulfato de sódio, um agente de limpeza comum no mercado que enfraquece gradualmente os fios. No entanto, não produz tanta espuma, o que pode gerar a sensação de que não está cumprindo seu papel – um dos pontos que Panontin pretende aprimorar em uma etapa posterior da pesquisa. “Agora, queríamos muito ajudar a comunidade a implantar essa mini-indústria, além de melhorar a formação do xampu e tentar deixá-lo com mais espuma”, conclui.
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