Os cientistas apontam que um dos maiores mistérios do mundo é a consciência. Várias teorias tentam explicá-lo, mas acabam se deparando com problemas. Algumas teorias apontam que a consciência não existe, outras que ela está em toda parte.
Embora as teorias não apresentem uma solução para o problema, elas ajudam a entender mais sobre o mistério.
O que é consciência?
Foto: Geralt/Pixabay
O linguista da Universidade Tufts, Ray Jackendoff, e o filósofo da Universidade de Nova York, Ned Block, chegaram a dois significados para o que é a consciência.
Primeiro, eles apontam que a consciência é o conhecimento que você tem de si mesmo. Ela seria um modelo interno do mundo com um “eu” inserido.
“O acesso a informações sobre esse ‘eu’ é fácil de reproduzir. Um robô capaz de se reconhecer em um espelho não seria mais difícil de construir do que um capaz de reconhecer qualquer outra coisa”, explica o neurocientista Steven Pinker, da Universidade de Harvard, EUA, em seu já clássico livro How the Mind Works.
Outra parte é a forma como o cérebro acessa a infinidade de informações que tem dentro. Tudo o que uma pessoa vê e o conteúdo de sua memória é o que a cabeça pode acessar. O resto está “escondido” no cérebro.
Segundo especialistas, isso mostra que o sistema nervoso divide o que entra na consciência e o que não entra. É por isso que eles o definem como tudo o que você pode ter acesso através da sua cabeça no momento.
Em suma, para ele a consciência é uma “máquina virtual” criada para controlar o fluxo de ideias, uma espécie de “filtro” para os memes que estão em nossas cabeças.
Portanto, a conclusão é que sua consciência nada mais é do que uma ilusão, sendo apenas uma estratégia dos milhões de memes para se regularem.
Consciência não é ilusão
Foto: Getty Images
Com o tempo, o cérebro aprendeu a lidar com a emoção dos seres vivos, controlando o medo e outros sentimentos. No entanto, isso é difícil de controlar porque a consciência é apenas uma parte desse conjunto de reações irracionais e automáticas que deram origem à mente.
Ainda de acordo com Damásio, a emoção e o sentimento compõem a maior parte da mente, e não o pensamento, a razão. Essa teoria ajuda a explicar a origem da consciência, pois é útil para controlar as emoções e acaba ajudando na sobrevivência.
Robô
Todas as decisões em nossa vida são tomadas sem consulta. Essa é uma possibilidade aberta pelos estudos do falecido neurocientista norte-americano Benjamin Libet, pioneiro nos estudos da consciência.
Seu raciocínio aponta que um impulso enviado pelo cérebro é o que realiza as ações e que não temos domínio sobre elas. Dessa forma, segundo Richard Dawkins, professor emérito da Universidade de Oxford, somos apenas robôs, “ainda que complexos”.
Essa posição vem da ideia de que somos “máquinas de sobrevivência” de nossos genes. “Máquinas” porque usam nossos corpos para se reproduzir e depois vão embora. Sobre quem manda em nossas mentes, Dawkins destaca que o tabuleiro do corpo é formado por “memes”, nome que o inglês inventou.
os memes
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Um meme, no sentido original, é uma ideia, qualquer conceito, que tem vida própria. Eles estariam na Terra com um único propósito: se espalhar, assim como os genes. Quando você pensa em uma música e ela começa a tocar sozinha em sua mente, você está testemunhando um meme em ação.
Cérebros são o paraíso dos memes. Para Dawkins, a mente é como um emaranhado de memes procurando um lugar ao sol. É por isso que a briga entre o que se passa na sua mente é entre eles e você, o dono do cérebro, não pense nisso.
O filósofo Daniel Dennett acrescenta que nosso cérebro é um emaranhado quase infinito de memes que estão agora em seu inconsciente. O especialista ressalta que ela entra em nossa mente na forma de uma ideia consciente, pronta para sair da sua boca e se reproduzir em outras cabeças.
No entanto, vale a pena notar que essas explicações deixam muito de fora. Um exemplo é a questão das emoções.
Emoção
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Quando temos um susto, a consciência de que aquele momento aconteceu só ocorre depois dele. Segundo o neurologista António Damásio, da Universidade do Sul da Califórnia, o processo que levou à percepção do susto reproduz a história evolutiva da mente, em que a consciência é a última etapa de todo o processo.
Essa forma de pensar na natureza não veio com o “eu” na embalagem, era só emoção. Para Damásio, a emoção é uma imagem mental formada por várias coisas ao mesmo tempo. Entre eles, dilatação da pupila, descarga de adrenalina e tensão muscular que ocorrem no momento do susto. Quando a mente os processa todos juntos, você sente algum perigo por perto.
No entanto, para o neurocientista e filósofo David Chalmers, sobre a teoria do robô, “a maneira mais fácil de desenvolver uma teoria da consciência é negar que ela exista”. Chalmers acredita que a consciência não é apenas uma ilusão.
Uma maneira que os cientistas descobriram para detectar a consciência é colocar os animais na frente de um espelho para ver se eles podem se reconhecer. Os animais que passaram no teste até o momento são outros hominídeos, elefantes, golfinhos, orcas e um tipo de gralha européia. Em humanos, testes mostram que bebês humanos de um ano não têm consciência.
Para Chalmers, a consciência é uma propriedade das coisas. Para ele, a consciência pode estar em tudo: seja uma pedra, um pedaço de papel ou uma estrela.
O pesquisador acrescenta que quanto mais complexa a atividade de uma coisa, maior sua “quantidade” de consciência.
Dessa forma, a consciência nada mais seria do que uma propriedade do mundo físico, como a massa e a velocidade. Com isso, uma coisa pode ser mais consciente que a outra.
No entanto, vale a pena notar que nenhuma das teorias mencionadas acima pode ser comprovada.
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