Dor de cabeça, sensibilidade à luz, cheiros ou ruídos, náuseas e vômitos, desconforto visual, formigamento e tontura. Estes são apenas alguns dos sintomas experimentados por quem sofre de enxaquecauma doença neurológica, genética e crônica.
Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a enxaqueca como a segunda principal causa de incapacidade em todo o mundo, e a primeira na Europa Ocidental e Austrália.
Diferenciar a enxaqueca da cefaleia comum pode ser essencial para aliviar os sintomas e prevenir novas crises. O assunto foi abordado pelo programa CNN Vital Signs, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil (veja completo acima).
Pode-se resumir a enxaqueca dizendo que é um distúrbio do processamento neurossensorial. Esse distúrbio cíclico, ou seja, acontece em crises e pode se tornar crônico com muito mais frequência. Mas o que está em jogo na fisiopatologia da enxaqueca é uma disfunção na forma como alguns centros que regulam a percepção funcionam. Por exemplo, a dor, explica Marcio Nattan, neurologista do Grupo de Cefaleias do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Cerca de 15% da população mundial tem enxaqueca, algo como um bilhão de pessoas. No Brasil, 31 milhões de pessoas sofrem de enxaqueca. Esse adensamento no mundo é muito semelhante ao do Brasil. Exceto, quando falamos de enxaqueca crônica, que é a enxaqueca quando a pessoa tem 15 dias ou mais de dor por mês. Ela passa mais tempo com dor do que sem. No Brasil, a taxa é mais comum do que no resto do mundo, cerca de 5% da população, acrescenta Nattan.
Diferentes tipos de enxaqueca
A enxaqueca pode ser classificada de diferentes maneiras. Basicamente, é possível separar enxaqueca com aura e sem aura, segundo especialistas.
A enxaqueca com aura afeta cerca de 20% das pessoas. Eles têm problemas para ver, como borrar um campo de visão, a presença de pontos brilhantes ou problemas para focar uma imagem. Outros sintomas são formigamento nos braços que vão até o rosto ou dificuldade para falar. O tratamento desse tipo de enxaqueca requer uma equipe multidisciplinar, que pode incluir profissionais psiquiátricos.
Apesar de ser um diagnóstico neurológico, os aspectos psiquiátricos que a enxaqueca desencadeia, seja dor crônica, incapacidade laboral, incapacidade social, causam ansiedade, podem causar depressão ou outros problemas. Bem como condições psiquiátricas, como depressão e estresse, que podem agravar a enxaqueca. Então, sempre olhamos com muito cuidado, e com muita cautela, quando alguém chega com esse diagnóstico, ou com queixa de dor de cabeça crônica, ou dor de cabeça, que ainda não temos o diagnóstico fechado, diz Inah Proena, médica psiquiatra da Psiquiatria Instituto do Hospital das Clínicas.
avanços no tratamento
No episódio, especialistas alertam que, apesar da angústia que a enxaqueca traz ao paciente, é preciso evitar a automedicação.
A pessoa que sofre de dor de cabeça tende a achar que isso é normal e acaba recorrendo a um analgésico. Muitas vezes, ela desconhece que existe o risco de desenvolver o que chamamos de cefaleia devido ao uso excessivo de analgésicos. Com o tempo, a pessoa começa a perceber que já não responde tão bem ao analgésico, precisa cada vez mais de mais. O objetivo do tratamento não é apenas deixar de usar o analgésico, mais do que isso, que a pessoa não precise recorrer ao analgésico com tanta frequência, explica Nattan.
A automedicação descontrolada é sempre um sinal de alerta para enxaqueca, para depressão, para qualquer outro problema. Esses medicamentos tomados de forma errada ou administrados na dosagem errada podem trazer grandes consequências ao organismo. E o uso crônico desses medicamentos muitas vezes pode piorar as enxaquecas, destaca Inah.
A medida utilizada pela medicina considera que quem usa analgésicos por dez dias ou mais em um mês está fazendo uso excessivo deles.
Tem também a quantidade de comprimidos por dia. Temos pacientes que usam de 6 a 10 comprimidos analgésicos por dia. Isso, além de piorar a frequência das dores de cabeça, também traz um risco para o estômago, para o fígado, pois essas drogas são metabolizadas e acabam influenciando o sistema do trato gastrointestinal. A principal mensagem é que o tratamento preventivo reduzirá a frequência da dor, diz Alexandre Ottoni Kaup, pesquisador e neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
O Sinais vitais da CNN revela as novidades do tratamento preventivo da enxaqueca, como o uso da toxina botulínica e os novos medicamentos disponíveis aos pacientes. O programa também apresenta dicas de hábitos diários que ajudam a evitar crises.
Algumas atividades ajudam muito no tratamento da enxaqueca, como a atividade física. Temos dados importantes sobre cuidar do sono, que é fundamental. Vemos uma associação muito próxima de distúrbios do sono, como insônia, como apneia do sono, no agravamento da enxaqueca. Distúrbios como transtorno de ansiedade e depressão também estão relacionados ao agravamento da enxaqueca. Portanto, cuidados com a saúde mental, boa nutrição e promoção da saúde podem ajudar, diz Nattan.
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